Relação

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Cada um tinha um estilo, uma letra. Ele, com sua mão esquerda, forçava a caneta contra o papel. A letra, de forma, era agressiva, inclinada à direita como quem busca o fim da página. Ela, destra, buscava os contornos da letra cursiva. Cada vogal e consoante eram como desenhos que buscavam na forma sua perfeição, era como se cada símbolo fosse sensível e vivo. Mestres em seus estilos, ele e ela, depararam-se com o desafio. A partir daquele momento tentariam escrever um história juntos. Com cuidados ele cobriu a mão dela com a sua. Ambos seguraram a mesma caneta. No começo, cada um puxou para o seu lado. Ele tentou deixá-la conduzir e a letra pareceu pesada. Ela fez o mesmo por ele e a letra pareceu fraca. Aos poucos, no entanto, um passou a entender a letra do outro, os motivos que a moviam. Para isso ambos cederam, ao mesmo tempo que o próprio estilo ficava mais forte. De repente, as letras transformaram palavras em uma bonita história. Mistério, paixão, drama, suspense e comédia. Ali há um pouco de cada. A letra é única. Não é dele ou dela. É como se uma terceira pessoa, com o melhor dos dois, esteja escrevendo. Escrevendo uma história que ambos desejam que não tenha fim.

Egoísta

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“Como pode alguém ser tão egoísta?” ela pensava enquanto corria de um lado ao outro, protegendo as pessoas da chuva de pedras, e olhava o rapaz sentado admirando a chuva. Quando menos percebeu foi abraçada fortemente, puxada de lado. Ouviu as várias pedras, que batiam no corpo daquele que a abraçara, caírem no chão. Com a cabeça no peito de seu protetor, ergueu os olhos buscando agradecer. O mesmo rapaz de antes agora sorriu e disse “Posso parecer egoísta, mas alguém tinha cuidar de você”.